A chegada do Novo Ensino Médio coloca em destaque a escolha de itinerários formativos pelos alunos. Neste artigo, convido você a refletir sobre o papel do Projeto de Vida como atividade pedagógica estratégica para o sucesso do Novo Ensino Médio. Muito mais que escolher profissão, o grande objetivo é apoiar o adolescente na construção de sua identidade.
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O objetivo do Ensino Médio
O Ensino Médio é a última etapa da educação básica, e tem um papel importante de apoiar a transição do aluno para a vida adulta e o mundo do trabalho. Na escola particular, de forma geral, a conclusão do Ensino Médio representa a preparação do aluno para ingressar no Ensino Superior.
Nesse contexto, a percepção sobre o sucesso do aluno é a conquista de uma boa nota no Enem ou a aprovação no vestibular. Então, a missão da escola é apoiar o aluno nessa preparação, e o papel do aluno é seguir o plano de estudos com dedicação.
Agora, o aluno faz escolhas
Com o Novo Ensino Médio, a missão da escola foi ampliada e se tornou mais complexa. Agora, o aluno passa a escolher e direcionar seus estudos através dos itinerários formativos e eletivas. Sendo assim, a escola estará muito mais comprometida nessa escolha do aluno.
E esse desafio não pode ser negligenciado: mais de 50% dos universitários não concluem o curso que começam (Inep/MEC). Além disso, as rápidas mudanças no mercado de trabalho tornam a escolha da profissão e os planos de carreira cada vez mais desafiadores. Mas, como ajudar os alunos a escolherem os itinerários? Será o Projeto de Vida a maneira de ajudá-los a escolher a profissão?
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O papel do Projeto de Vida
Imagine-se no lugar de um adolescente de 15 anos que está, agora, iniciando o Ensino Médio. O mundo do trabalho é ainda algo muito distante, algo que a maioria vai começar a vivenciar daqui a 5 ou 10 anos. Ou seja, até lá, muita coisa vai mudar sobre a maioria das profissões, porém, quem mais vai mudar será o próprio adolescente.
É importante compreender a fase da adolescência como um momento de grandes transformações físicas, sociais e psicológicas. Portanto, antes de refletir sobre profissão ou planos de futuro, é preciso ajudar o aluno em seu processo de autodescoberta e construção do “quem eu sou”.
O papel principal do Projeto de Vida é apoiar o adolescente na formação de sua identidade. A identidade é um conjunto de características de um indivíduo como valores, crenças, potencialidades e vínculos sociais, que permite a compreensão de sua individualidade (Erik Erikson).
Identidade Protagonista
Pense na imagem de um adolescente que você acredita que está preparado para buscar seus objetivos de vida. Quais comportamentos ou atitudes ele possui? E nós, como educadores, que caráter queremos ajudar a formar nas novas gerações?
A partir de estudos sobre Autonomia Moral (Piaget), Protagonismo Juvenil (Costa) e Autodeterminação (Deci), surge o conceito da Identidade Protagonista. A proposta é que o adolescente aprenda a enfrentar desafios reais através de ações coletivas em prol do bem comum, contribuindo para formar jovens autônomos, solidários e produtivos. Desta forma, o Projeto de Vida passa a ser, na escola, um programa estruturado que permite ao adolescente:
- reconhecer seus potenciais;
- compreender seus limites pessoais;
- cultivar interesses e motivações;
- desenvolver habilidades de relacionamento e tomada de decisão;
- valorizar sua autoimagem;
- incorporar valores morais.
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Pilar central do Projeto Pedagógico
O Projeto de Vida é um pilar central do projeto pedagógico da escola do Século XXI. Muito mais que escolher profissão, a ideia central é estimular, em cada aluno, o desejo de enfrentar desafios e descobrir o mundo de possibilidades que existem dentro de si mesmos.
A escola é o espaço ideal para promover experiências significativas que vão influenciar positivamente na sua formação pessoal, social e profissional. Trata-se do item curricular com o poder de integrar toda jornada de aprendizado do adolescente. E isso acontece quando a escola prioriza o desenvolvimento das habilidades e competências que vão prepará-los para enfrentar os desafios de um mundo em transformação acelerada.
(Artigo publicado originalmente na Revista BIS do Sinepe/MG – edição de Abril de 2022)
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