Competências Socioemocionais

Competências Socioemocionais

A ciência por trás, porque investir nisso e sua aplicação no Projeto de Vida dos alunos

Querido educador, você está convidado a mergulhar no universo das competências socioemocionais. Contextualizaremos a temática a partir de suas origens na Psicologia e sua incorporação à educação, seu destaque na BNCC e como desenvolvê-las no ambiente escolar.

Competências socioemocionais são habilidades e capacidades essenciais para obtenção de uma vida plena e produtiva, que contribua efetivamente para o desenvolvimento pessoal, profissional e acadêmico de cada estudante.

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O estudo das emoções na escola

Vivemos grandes transformações sociais, principalmente com a inserção das tecnologias no nosso cotidiano. Elas podem ser de ordem prática como o manuseio de equipamentos, mas em grande medida, trata-se de uma verdadeira mudança de mentalidade.

A comunicação global e o uso de tecnologias passou a exigir novos paradigmas em diferentes segmentos – e a educação não é exceção. É nesse contexto que surge a necessidade de trabalhar de maneira estruturada as chamadas competências socioemocionais no ambiente escolar, incorporadas a partir da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

A crise emocional da geração Smartphone

A adolescência é uma fase de constante transformação, tanto do ponto de vista hormonal, como comportamental e emocional. O adolescente passa por mudanças biológicas e fisiológicas, ao mesmo tempo em que enfrenta um aumento das expectativas sobre escolhas e responsabilidades

É um momento importante para a construção das individualidades.

Schäfer Neumann

Quando refletimos sobre a atual geração, a dos nativos digitais, também conhecida como Geração Z, nos deparamos com uma geração que, justamente devido à superexposição ao mundo virtual, se desconecta do mundo real e de seus desafios.

Em meio a um mundo, como trata o sociólogo Zygmunt Bauman, de relações efêmeras e rápidas transformações, esses jovens se veem entre a necessidade de rápida adaptabilidade e falta de autonomia, oriunda da superproteção parental.

Essa geração se desenvolve, portanto, com maior fragilidade emocional, gerada pelo isolamento do mundo real e a consequente fragilização da sua saúde mental.

Diante disso, o desenvolvimento socioemocional, a partir de diferentes habilidades e competências, se torna essencial para que os jovens adquiram maior autonomia, uma atuação social responsável e solidária, além da capacidade de se adaptar aos desafios e seguir aprendendo ao longo da vida. 

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Esquema que mostra as características socioemocionais ao longo das gerações, considerando o contexto de cada época. Os nativos digitais são os nossos estudantes.

Por que competências socioemocionais na escola?

O aspecto socioemocional aborda o sujeito em sua integralidade: enquanto indivíduo, mas também inserido em um meio social. As habilidades e competências socioemocionais são importantes para o desenvolvimento integral em suas várias dimensões, inclusive social e emocional.

A proposta da educação integral exige o desenvolvimento de todas as potencialidades e dimensões humanas dos estudantes, em todos os espaços e tempos da vida.

Ela se propõe também a atender às mudanças e desafios do século XXI, sendo as competências socioemocionais, elemento central de formação desse cidadão autônomo, solidário e produtivo.

O desenvolvimento das competências socioemocionais na escola considera que o processo de ensino-aprendizagem o tem como protagonista de sua aprendizagem e responsável pela construção do próprio conhecimento.

Dessa forma, as competências socioemocionais no ambiente escolar permitem que o aluno possa compreender a si mesmo. Assim, ele será capaz de projetar quem ele quer ser no futuro e definir qual o seu papel no mundo – aspectos fundamentais para a construção de um Projeto de Vida.

E, nesse sentido, a escola tem um papel essencial.

Espiral que ilustra a metodologia do projeto de Vida - contemplando as dimensões: Quem eu sou, Quem eu quero ser e Meu papel no mundo
Espiral que traduz a metodologia do Projeto de Vida e suas três dimensões a serem trabalhadas com os estudantes – Quem eu sou; Quem eu quero ser e O meu papel no mundo.

Quem eu sou

A autoconsciência, por exemplo, permite ao aluno a descoberta do “Quem eu sou”, por meio da identificação de seus valores pessoais e de suas habilidades, e também a partir do reconhecimento das suas emoções.

Quem eu quero ser

Com o fortalecimento do autoconhecimento, o aluno pode entender o seu contexto atual, a sua trajetória, e começar a projetar a dimensão do “Quem eu quero ser”, traçando os melhores caminhos para concretização do seu Projeto de Vida a partir de tomadas de decisão responsáveis.

O meu papel no mundo

O desenvolvimento da dimensão do “Qual meu papel no mundo” está diretamente vinculada ao despertar de sua consciência social e da percepção de que não está sozinho, e, portanto, que sua interação com o mundo que o cerca é importante para seu próprio desenvolvimento pessoal.

Projeto de Vida e educação socioemocional

A inclusão e adequação das competências socioemocionais no ensino regular prescinde, portanto, de intencionalidade pedagógica, devendo ser algo sistematizado e propositivo.

De acordo com o CASEL (The Collaborative for Academic, Social, and Emotional Learning), os jovens participantes de programas baseados em evidências de aprendizagem socioemocional apresentaram ganho de 11% no desempenho acadêmico.

Aqui no Brasil, a BNCC, também baseada no CASEL, especifica as 5 competências socioemocionais a serem desenvolvidas no contexto escolar através das 10 competências gerais da Base:

A ciência por trás da Inteligência Emocional

Do ponto de vista do indivíduo, podemos afirmar que as emoções são inerentes ao ser humano, sendo elas que dão significado e sentido à vida. Elas são responsáveis por nos lembrar das nossas necessidades, frustrações e direitos, são o que nos movimenta e nos impulsiona a buscar por mudanças.

Ser capaz de identificar nossas emoções, atribuir significado a elas, entendendo-as, para então tomar melhores decisões sobre nossas ações, é o que poderíamos chamar de Inteligência Emocional e seu desenvolvimento diminuir a ansiedade e o stress.

Na década de 1980, o psicólogo Howard Gardner  começou a supor que as aptidões intelectuais humanas não eram tudo o que uma pessoa precisava ter. Ou seja, o seu QI não era suficiente para medir suas reais competências e habilidades.

Após diversos estudos, propôs a teoria das Inteligências Múltiplas, na qual a Inteligência Emocional, também conhecida por Inteligências intra e interpessoais, seria uma delas. 

Gardner conta sobre como sua teoria das Inteligências Múltiplas foi incorporada à educação – assim como ocorreu com as competências socioemocionais.

Alguns modelos surgiram a partir disso, propondo conceituar a Inteligência Emocional (IE) e aprofundar os estudos a respeito dela, como o de Mayer e Salovey (1997), o de Bar-On (2006) e o de Goleman (1995).

O de Mayer e Salovey pressupõe que a IE se caracteriza como uma habilidade cognitiva associada à inteligência geral, baseado nos estudos tradicionais sobre inteligência, concebida a partir do trabalho a respeito do QI. 

Já o modelo de Bar-On entende que a inteligência socioemocional consiste em competências, habilidades e facilitadores emocionais e sociais, divididas em cinco áreas diferentes que interagem umas com as outras, sendo intrapessoal, interpessoal, de gerenciamento do estresse, de adaptabilidade e o humor geral.

Por fim, Goleman propõe um olhar sobre a IE do ponto de vista organizacional, que se desdobrou em competência emocional. Então, surge a noção de que pode ser desenvolvida de maneira sistematizada e intencional, a partir de aspectos fundamentais – autoconsciência, autocontrole, consciência social e habilidade de gerenciar relacionamentos.

Os benefícios das competências socioemocionais na escola

Devido ao aspecto holístico, a apredizagem socioemocional no ambiente escolar pode auxiliar a:

Construir o Projeto de Vida do aluno
Melhorar o desempenho escolar Combater o bullying
Estimular a criatividade e colaboraçãoConstruir o pensamento analítico-crítico
Resolver problemas sociais complexosDesenvolver a maturidade vocacional
Promover o autocuidado e saúde mentalReduzir a indisciplina

Elas não excluem as competências cognitivas (interpretar, refletir, pensar abstratamente, generalizar aprendizados), mas as complementam. Esse novo paradigma para o ensino envolve aliar múltiplas competências para um desenvolvimento pleno.

Goleman explica o que é a Inteligência Emocional e os benefícios ao desenvolvê-la nos currículos escolares.

Como aponta Goleman (2012), a inserção das competências socioemocionais na escola deve propiciar que o aluno desenvolva sua capacidade de reconhecer e classificar seus sentimentos e entender como eles o leva a agir.

Também  permite que possam identificar pistas, por vezes não-verbais, de como as outras pessoas se sentem. Estimula que ele seja capaz de analisar o que gera estresse e também o que o motiva, e, por fim, permite que ele desenvolva a sua comunicação para a solução de conflitos.

processo-de-aprendizagem-socioemocional
Esquema que demonstra o processo de autoconhecimento e autocontrole a partir das emoções: identificar, significar e agir a respeito delas. Isso pode ser uma jornada de aprendizado na escola, espaço oportuno para praticar esse processo.

Com isso, o aluno passa a ser capaz de gerenciar melhor seus relacionamentos e ter uma maior consciência social e coletiva, contribuindo para o desenvolvimento de empatia, ética, responsabilidade, entre outras habilidades.

Além disso, ao ser capaz de desenvolver sua autoconsciência e autocontrole, o adolescente é capaz de fortalecer sua autoestima e nutrir uma autoimagem positiva.

Essa aprendizagem está baseada na Psicologia Positiva e na mentalidade de crescimento, mostrando ao aluno a importância do conhecimento enquanto processo contínuo. Aprender com os erros, tanto quanto com os acertos, gera percepções e emoções mais positivas e amplia o prazer em relação ao processo de aprendizagem.

ícone que representa o socioemocional - um cérebro ao lado do coração

Competências socioemocionais na prática

O uso de metodologias ativas é cada vez mais recorrente, sobretudo mediante o novo paradigma que traz o aluno para a construção de seu Projeto de Vida. Elas também trazem importantes contribuições para o desenvolvimento de socioemocionais. 

O estímulo ao uso de um Diário de Bordo, por exemplo, é uma ferramenta que possibilita ao aluno registrar acontecimentos, sentimentos e aprendizados, contribuindo para sua autogestão e consciência socioemocional.

Além disso, atividades que envolvem debates, projetos coletivos, ações na comunidade, simulações e gamificações desenvolvem capacidade crítica e reflexiva ao se aprofundar sobre determinado tema. Ademais, possibilitam o exercício da empatia, do diálogo e a resolução de conflitos ao se deparar com outros posicionamentos.

Vale ressaltar que, antes de qualquer ação, é importante entender o contexto escolar para incorporação de propostas como essas. É fundamental ter clareza sobre:

  • práticas de aprendizagem socioemocional em outros contextos;
  • recursos disponíveis no território escolar;
  • estrutura curricular vigente;
  • conhecimento geral entre a equipe escolar sobre tais práticas;
  • o desenvolvimento socioemocional dos educadores.

Programa Socioemocional na escola

Inovar e criar metodologias para que o estudante seja protagonista e capaz de construir seu Projeto de Vida é um dos objetivos da KUAU. Nossa proposta propõe o desenvolvimento socioemocional a partir de mentoring, ensino híbrido e aprendizagem ativa.

Alunos, pais e educadores podem acompanhar o desenvolvimento a partir dos recursos didáticos disponíveis: 

ícone que representa um aplicativo de celular com vídeos
  • diário de bordo do aluno – para ser acessado pelo aplicativo de celular;
ícone que representa um diário
  • diário da família – para engajar a família no desenvolvimento dos estudantes; 
ícone que representa relatórios de gestão escolar
  • plataforma de gestão – para educadores acompanharem e intervirem pedagogicamente de forma responsiva.

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