Acolhimento, aprendizagem socioemocional e empatia na escola
Como essas aliadas ajudam a superar os momentos de crise no contexto escolar
Queridos educadores, desde a pandemia provocada pela Covid-19, o entendimento a respeito da necessidade de investir no acolhimento, na aprendizagem socioemocional e na empatia se torna cada vez mais importante.
Em momentos de frustrações, angústias e medos, a escola passa a ser um espaço de acolhimento, trabalhando essas questões a partir de uma jornada pedagógica.
A empatia e o acolhimento, além de indispensáveis neste momento coletivo, são estratégias pedagógicas centrais para a construção dos Projetos de Vida dos estudantes, para a integração com as famílias e o cumprimento da BNCC.
Levando isso em consideração, neste artigo abordaremos conteúdos sobre aprendizagem socioemocional e como promover a escuta empática na comunidade escolar, envolvendo uma maior integração com as famílias e os próprios alunos.
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O desafio da escola
Os desafios da escola envolvem adaptar-se ao uso de tecnologias para o ensino híbrido e, somando-se a isso, atender às exigências e expectativas das famílias quanto às questões de escolaridade.
No “pós-pandemia”, há um aumento dos problemas de saúde mental, tanto dos adolescentes, quanto das famílias e toda a comunidade escolar (educadores, gestores e colaboradores).
Em maio de 2020 ocorreu o evento online “Acolhimento e empatia na escola: roda de conversa”, tendo como mediador Gilber Machado e as convidadas Érika Canal e Juliana Merij. Confira acima.
Mais do que nunca, é evidente a necessidade de desenvolver a inteligência emocional, pois a aprendizagem em si depende do emocional, do afetivo e da saúde mental.
“Não há ensino sem saúde mental dos educadores, assim como não há aprendizagem sem saúde mental dos alunos.“
A adaptação constante da escola
A psicopedagoga Juliana Merij, que atua na educação desde 1987, pontua que as escolas devem formular um plano de ação coletivo para mais uma readaptação escolar permanente.
É preciso que ocorra a inclusão de uma avaliação diagnóstica para compreensão do contexto e das perdas, para além dos conteúdos curriculares.
Ao contrário do início da pandemia, em que as escolas brasileiras tiveram que mudar sua forma de existir e educar muito rapidamente, o tempo agora está a favor ao se tratar de uma nova reestruturação.
A ideia deve ser priorizar espaços qualificados de acolhimento e escuta sem julgamento, sem viés.
A relação entre a escola e a família
É preciso, mais do que nunca, de colaboração! Os grupos de acolhimento também se mostram importantes nesse sentido.
Ao ouvir e incluir as famílias nesse processo colaborativo, há impactos positivos no estabelecimento de vínculos com as mesma.
Em meio a incertezas, ansiedades e angústias, é importante que a escola oriente os responsáveis a serem mediadores das atividades escolares híbridas.
Com a nova oportunidade de participação das famílias nas atividades remotas, elas avaliam mais a qualidade do trabalho dos profissionais da escola como um todo.
Dessa forma os pais passam a valorizar a escola como agente de formação além do letramento, acreditando no seu potencial para desenvolver o socioemocional dos alunos.
A escuta em grupo traz pontos de convergência importantes em que são compartilhadas as fragilidades emocionais do coletivo e estratégias de enfrentamento de problemas.
Roteiro para guiar a resposta educacional à Pandemia.
Os jovens continuam os mesmos despois da?
Não é preciso que os jovens passem ou sintam que passam por estas crises sozinhos, e por isso, é necessário investir no acolhimento pela escola e pela família.
Os sentimentos são compartilhados por todos: os alunos do Ensino Fundamental tendem ao desânimo, enquanto os do Ensino Médio tendem a desenvolver problemas de ansiedade.
Neste momento, questões como a autonomia e responsabilidade dos estudantes vêm à tona, porém em situações como estas, não é ideal que se pressione por tanta produtividade.
Não estar apto a realizar tudo conforme sempre o fez é mais do que o esperado.
A realidade que se vive no pós pandemia é completamente diferente do normal de antigamente, logo os parâmetros de exigência não podem ser os mesmos.
Os erros devem ser valorizados como parte do processo de aprendizado.
Leia mais: E-book Acolhimento e Empatia
Quando investir na aprendizagem socioemocional?
No contexto pós-crise, temos como chance um referencial concreto para trabalhar e desenvolver a aprendizagem socioemocional das crianças e jovens.
Por estarem em pleno desenvolvimento, os jovens possuem uma plasticidade cerebral ainda maior que adultos, facilitando a apreensão do conhecimento.
Por consequência, é preciso ter em mente que quanto mais cedo se trabalha a necessidade de desenvolver o socioemocional, mais efetiva é a sua absorção e aprendizagem.
O desenvolvimento socioemocional é o tipo de aprendizagem que é muito mais rica quando acontece por meio da valorização das vivências e do lidar com as emoções reais.
Logo, educar indivíduos emocionalmente responsivos é algo a ser feito desde cedo.
Empatia e aprendizagem socioemocional pela BNCC
A proposta é pensar de maneira intencional na transformação da crise em uma oportunidade de desenvolvimento da cultura empática na escola.
Abaixo, listamos 3 competências gerais da BNCC que legitimam a aprendizagem socioemocional e estão intimamente ligadas a esse contexto:
Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais
Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas
Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida
Ações para a Escola: Agenda Positiva
Em períodos em que a escola está sujeita a incertezas e decisões fora de seu controle, o foco deve estar no que é de fato possível ser realizado e controlado.
Ter uma agenda é sinônimo de ter temas trabalhados de diversas formas e o objetivo é que faça sentido do ponto de vista pedagógico e circunstancial.
O desafio de formar esta agenda é pensar como os meios remotos de contato podem funcionar para, de fato, valorizar a aprendizagem que ocorre neste momento histórico de crise.
Isso é algo que deve ser trabalhado amplamente com toda a comunidade escolar e, mais do que isso, neste exercício é importante considerar a diversidade dos atores envolvidos, cultivando assim a empatia na prática.
Os temas sugeridos para essa Agenda convergem entre estratégias para lidar com crises, as competências obrigatórias da BNCC e teorias psicológicas consagradas, como a Big Five – ou 5 fatores de personalidade.
Os formatos sugeridos de como trabalhar as temáticas também levam em consideração o que se faz possível com o contato remoto.
Temas
- Amabilidade: base para empatia e escuta empática;
- Autogestão: organização, disciplina, persistência, plano de estudos e rotina, autonomia;
- Engajamento: ações sociais, protagonismo, consciência social, cidadania e “sair da bolha”.
- Resiliência emocional: reconhecer e identificar emoções, aprender a lidar com elas, autorregulação, tolerância a frustrações e estresse, ansiedade e culpa;
- Abertura ao novo: adaptabilidade, conviver com imprevisibilidades, criatividade;
- Projeto de vida: reflexões pessoais sobre os próprios sonhos e o futuro, autoconsciência, autoconhecimento, autocuidado.
Formatos
- Grupos de acolhimento: comunicação com as famílias em grupos de WhatsApp ou outro canal.
- Plataformas digitais: programa de Projeto de Vida da KUAU;
- Encontros online: lives, rodas de conversa ou oficinas;
- Reuniões individuais: com aqueles que precisam de maior acompanhamento (educação especial e infantil, principalmente);
- Conteúdos orientativos: vídeos, podcasts, guias, e-books, áudios com exemplos sobre como lidar com a situação de crise sanitária.
Escola, Empatia e Aprendizagem socioemocional
“Precisamos de seres humanos fortes, resistentes, que consigam enfrentar crises sem se quebrar. Ele vai sofrer (…), mas não vai quebrar”, afirma Erica Canal, no evento online sobre acolhimento e empatia na escola.
Não existe mágica para desenvolver uma cultura empática na escola, mas o acolhimento deve ser o ponto de partida.
Da mesma forma, não há receita pronta de como desenvolver a aprendizagem socioemocional, mas existem ingredientes essenciais, sendo a empatia um deles.
Desenvolvendo habilidades socioemocionais na educação, a comunidade escolar pode superar fases difíceis da forma menos penosa possível, enquanto desenvolve alunos autônomos, produtivos e solidários.
Leia mais: E-book Acolhimento e Empatia
Carlos
Quando leio no texto “os alunos do Ensino Fundamental estão desanimados, enquanto os do Médio, super ansiosos“. Lembro-me que foi exatamente essa a minha realidade. E hoje compreendo que falta muito essa empatia por parte de alguns educadores.
Marina Damasceno
É verdade, Carlos!
Às vezes nos esquecemos que todos nós passamos por isso, né?! <3
Abraços!
Mapa da Empatia na escola - Blog da Kuau %
[…] de conversar sobre o contexto que estamos vivendo com toda a comunidade escolar, promovendo uma Agenda Positiva na escola. Para isso, aplicamos ao vivo uma ferramenta pedagógica chamada Mapa da Empatia. Ela é importante […]
REGIANE
Olá! Sou professora Orientadora de Convivência. Amei seu post parabéns.
Alice Azevedo
Olá, Regiane!
Comentários como o seu, aquecem nosso coração. Obrigada! ☺️